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terça-feira, 31 de março de 2009

Magistrados pressionados para arquivar o "caso Freeport"


“O novo presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, João Palma, vai pedir uma audiência de urgência ao presidente da República Cavaco Silva. Nos últimos dias João Palma tem vindo a denunciar pressões sobre os magistrados, alegadamente relacionadas com o caso Freeport e que visam, segundo revelou o "Correio da Manhã" levar ao arquivamento do processo.”

Público.Pt - 30.03.2009

Certamente ninguém pensava que a falta de vergonha e de escrúpulos pudessem atingir tais patamares. Se o caso Freeport for arquivado sem uma investigação séria e rigorosa, tudo aquilo que já pensava acerca deste governo se confirma e agrava.
São pressões, são aldrabices de toda a espécie, compadrios, clientelismo, corrupção… e vamos assistindo a isto com um suspiro hoje, um lamento amanhã, sempre à espera de ver qual é a próxima.

É a ministra da Educação e os seus “muchachos” a maltratar toda uma classe de profissionais a quem chamam “professorzecos” e “coitadinhos”, comparados a “esparguete” pela digníssima Directora Regional do Norte, que é disléxica e malcriada, e lá vamos encaixando hoje uma, amanhã outra.

Mário Crespo, na sua crónica de ontem do Jornal de Notícias pergunta:
- “Porque é que o cidadão José Sócrates ainda não foi constituído arguido no processo Freeport?”

Noutro qualquer país, provavelmente da Europa do Norte, por muitíssimo menos, o governo inteiro já teria caído. Provavelmente também, esta constatação já se tornou um lugar-comum. Parece que estamos à espera que o governo caia, mas quem vai caindo somos nós - no conformismo, na modorra, no cansaço, na decepção, no “deixa andar”, típico das épocas que antecedem a instauração das ditaduras.
Este estado de inconsciência, ou melhor de dormência, é pois compatível com a psicologia do medo, tão bem analisada por José Gil no seu livro “Portugal, o medo de existir”.
Ao “medo de existir” eu acrescento “o medo de exigir”. Há medo de tudo e de todos. Em todos os locais parece que as pessoas andam encolhidas pelo medo. Quase como no tempo da ditadura de Salazar, em que estávamos sempre à espera que nos acontecesse qualquer coisa, mas efectivamente… para mudar o estado de coisas que se vivia nessa existência feita de terror, tiveram de intervir os militares para arrasar finalmente um regime caduco, que apesar de podre, não havia maneira de cair.
Nenhum regime cai por si, tem de ser derrubado.

Pode ser que os Magistrados, os Professores, os Enfermeiros, ou sei lá que mais sectores, vão denunciando as poucas-vergonhas que este governo tem vindo a pôr em prática com o maior despudor. Mas, será que isso é o bastante?
Será que os cidadãos eleitores não estão cansados de ser tomados por atrasados mentais e se vão continuar a arrastar e calar pelo medo?
O comodismo é paralisante e a factura a pagar é sempre, sempre muito alta.

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