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domingo, 19 de abril de 2009

A Comuna de Lisboa


A propósito da Mesa -Redonda/Debate realizado ontem no Teatro da Comuna em Lisboa, convém esclarecer alguns pormenores.
Esta iniciativa partiu de um grupo de pessoas ligadas ao site PassaPalavra.Info.
Os participantes foram directamente convidados pelos promotores da iniciativa, a saber, os Professores ligados aos Movimentos Independentes MEP, MUP, APEDE, PROMOVA, CDEP, MEM e o Presidente do SPGL. (A descrição das siglas, assim como os nomes dos convidados estão num post abaixo).

Infelizmente, esta iniciativa coincidiu com o lançamento do livro do Paulo Guinote "A Educação do Meu Umbigo" pela Porto Editora na Biblioteca Nacional.
Como as duas iniciativas se sobrepunham, tive de escolher e optei por ir ao Teatro da Comuna assistir ao debate, mais para observar do que para intervir.

Sendo certo que é importante que nos juntemos para conversar e reflectir em geral, neste momento em particular, quando se avizinha o final do ano lectivo e há uma indefinição sobre os rumos a tomar face ao estado de coisas em que o Ministério nos tem vindo a colocar, é indispensável consertar estratégias de actuação.

Sindicatos e Movimentos Independentes de Professores nem sempre coincidiram nos procedimentos a adoptar; e o que senti ontem, em presença, foi o mesmo de sempre: ao contrário do que Ludgero Brioa afirma hoje num post publicado nos blogs de Paulo Guinote, no MUP, no MEP e no Anovis Anophelis (pelo menos), eu não estou nada de acordo que haja sintonia entre os Movimentos e o SPGL.

“(…) posso dizer que fiquei bastante satisfeito, uma vez que tornou-se claro que existe uma grande sintonia entre os movimentos independentes e os sindicatos de professores, relativamente à sua luta em torno quer do modelo de avaliação quer do modelo de gestão das escolas.”

As estratégias apontadas pelos colegas dos Movimentos nas suas intervenções não foram convergentes com a visão de António Avelãs, que acabou mesmo por afirmar no final do debate que "esta é uma luta para durar vários anos" e que não encontrou condições para dialogar "nem com Associações de Pais e nem de Estudantes" para fazer uma manifestação nacional que agregue esses sectores.

Ora, se nem sabemos com o que podemos contar para uma manifestação nacional, quanto mais para uma greve...!

Com toda a desmobilização e cansaço que os professores têm vindo a manifestar, a única intervenção realista pareceu-me a de Mário Machaqueiro, que se mostrou bastante apreensivo e reticente acerca do futuro e mesmo do sucesso desta luta.

Porém, respeito a posição dos outros intervenientes pela força, coragem, persistência, e, porque não dizer, optimismo! Por isso deixo aqui o meu cumprimento a todos esses colegas.

Quanto a mim, a responsabilidade desta situação não deve ser atribuída somente à fraqueza dos Sindicatos, mas também à falta de coragem dos professores como indivíduos.

De uma posição inicial de recusa da participação neste modelo de Avaliação de Desempenho, que foi indiscutivelmente massiva, dois terços recuaram e entregaram os objectivos individuais após a publicação do Simplex! Isto não se pode ignorar.

Querem que os Sindicatos façam milagres?

Os Sindicatos apelaram ao boicote – foram os professores que recuaram. E a palavra-chave, que ontem ficou ausente do debate é o MEDO.

Para mim é incompreensível que uma massa de 120.000pessoas se manifeste nas ruas, vindas de Norte a Sul deste país, contra um determinado modelo de Avaliação de Desempenho, e em seguida capitule ao medo e ceda em toda à linha, colaborando naquilo contra o qual se manifestou e assinou Moções nas respectivas escolas.

Embora as minhas posições frontais já me tenham acarretado fortes dissabores, não posso deixar de reafirmar que, para mim, a COERÊNCIA é um valor superior do espírito e se prende com a DIGNIDADE e a HONRA, os quais representam princípios imprescindíveis na conduta de quem se assume como educador profissional.

O futuro é incerto, mas uma coisa é certa: não se deve continuar a para pagar facturas pelo interesse colectivo se o preço a pagar for o da remissão a uma situação de minoria, com toda a inutilidade e desperdício que isso acarreta.

A José Mário Branco e a Manuela de Freitas, excelentes anfitriões, agradeci pessoalmente, a Rita Delgado deixo aqui o merecido agradecimento pela iniciativa, ciente de que outras se seguirão.


Foto de: Pérola de Cultura

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