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sexta-feira, 22 de maio de 2009

Tejo pode voltar a ter golfinhos


Estuário do Tejo tem condições para voltar a ter golfinhos dentro de algumas décadas

"O Estuário do Tejo pode voltar a ter golfinhos nos próximos 30 anos devido à diminuição da poluição que se tem verificado. Investigadores portugueses consideram que já existem condições para o repovoamento dos mamíferos marinhos, que têm sido vistos com mais frequência na costa do Estoril.

“Não garanto, mas acho possível voltarmos a ver golfinhos no Tejo tal como acontecia há 30 ou 40 anos”, disse Maria José Costa, do Instituto de Oceanografia, que começou a estudar o Tejo em 1977. “A poluição no Tejo tem melhorado muito, o que se constata pela observação das espécies sensíveis”, acrescenta a investigadora, referindo-se ao aumento da quantidade de caranguejos, minhocas da pesca e bivalves. Segundo Maria José Costa a deslocalização ou encerramento de fábricas como a Lisnave é uma das razões para a diminuição da poluição. O sistema de ETAR é outra das razões.


“Foi um dos benefícios da nossa entrada na União Europeia”, explica João Gomes Ferreira, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, refrindo à diminuição da poluição no rio. Para o investigador, as directivas da UE, como a Lei-quadro da água, obrigaram a uma alteração de procedimentos.

A ocupação urbana, que por dia obriga que seja lançado para o rio cerca de 300 mil metros cúbicos de águas residuais de dois milhões de residentes, os efluentes industriais e os excessos de nutrientes aplicados na agricultura, que acabam por chegar ao Tejo, são as três razões que afastaram os golfinhos das águas fluviais. Os contaminantes ingeridos pelos cetáceos eram responsáveis por uma taxa alta de mortalidade infantil.

Manuel Eduardo, especialista em mamíferos marinhos e presidente da Associação Projecto Delfim – Centro Português de Estudo dos Mamíferos Marinhos, considera que é preciso fazer mais para se trazer os golfinhos de volta. É necessário “uma maior diversidade de peixe, sedimentos limpos e água com qualidade, o que exigeria a reabilitação de algumas zonas costeiras”.

O grupo Águas de Portugal refere que a presença de golfinhos e de outros mamíferos na Costa do Estoril, “tem vindo a tornar-se um hábito”.

Tanto o ministro do Ambiente, Nunes Correia como António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, revelaram publicamente o desejo de assistir ao regresso dos cetáceos.

O Estuário do Tejo é o maior da Europa, com uma área molhada a variar entre os 300 e 350 quilómetros quadrados, consoante a maré."

Lusa/Púbilco.Pt, 10.05.2009 - 15h23

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