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sábado, 5 de junho de 2010

Fim das pontes e menos feriados


Algumas deputadas católicas eleitas pelo Partido Socialista, como é caso da independente Teresa Venda e também Maria do Rosário Carneiro, dizem que suprimir as pontes poderá resultar num acréscimo de 1% do PIB, isto é, algo como 1,64 mil milhões de Euros.

Segundo o seu estudo, a supressão das pontes e de quatro feriados nacionais geraria um acréscimo de 11 dias úteis de trabalho. Até aqui não posso discutir, já que não tenho capacidades na área das finanças para fazer esse tipo de cálculo.

A supressão de feriados seria, ou será, caso o governo venha a adoptar esta medida, em número de quatro, dois civis e dois religiosos: o 1º de Dezembro e o 5 de Outubro; e o Corpo de Deus e o dia de Todos os Santos, a 1 de Novembro.

Da supressão de feriados como o 1º de Dezembro, dia da Restauração da Independência e pior ainda, o 5 de Outubro, dia da Implementação da República, discordo frontalmente.

Discordo igualmente da deslocação dos feriados como o 25 de Abril ou 1º de Maio para outros dias, no caso de calharem a uma terça-feira ou quinta-feira, justamente com o objectivo de evitar as pontes. Datas como essas devem ser comemoradas no próprio dia, sob pena de ficarem desvirtuadas de sentido.

25 de Abril é 25 de Abril, com toda a carga histórica e emocional que isso acarreta. Comemorá-lo a 24 é um absurdo! O mesmo se aplica ao 1º de Maio, dia com uma importância histórica de grande proporção e comemorada em todo o mundo em simultâneo. Não faz qualquer sentido a sua alteração.

Já há quem se pergunte se terá havido uma súbita influência do sector monárquico, incomodado com a aproximação das comemorações do Centenário da República, para decapitar as mesmas à nascença, desde logo acabando com o feriado do 5 de Outubro...

Na mesma ordem de incongruências, não faz qualquer sentido acabar com o feriado do Corpo de Deus (feriado móvel de Junho), ou o dia de Todos os Santos, mas manter o dia da Nossa Senhora da Conceição, dia 8 de Dezembro. Então é importante a Nossa Senhora, mas não o seu Filho? Ou o Pai? (já que Deus é o Pai, mas o corpo é o seu Filho!)

E o dia de Todos os Santos? Desaparece o conjunto dos Santos, mas um ou dois santinhos independentes, como o Santo António ou o São João, continuam a ser feriados em Lisboa e Porto? Logo as duas cidades mais populosas, logo aquelas onde mais gente pára de trabalhar? Porquê?

Faz algum sentido suprimir feriados religiosos num país de tradição católica e depois paralizar todo o país só por causa da visita de um Papa? Ainda por cima, evocando a mesma razão: Portugal é um país de tradição católica, pois claro! Então o argumento é válido para uns efeitos, mas não para outros?

Em "compensação", há a proposta de criação de mais um feriado, a 26 de Dezembro, consignado como o Dia da Família! Então o Dia de Natal já não é isso mesmo? E já não há a tolerância de ponto no dia 24? Ou as donas de casa, ocupadíssimas que estão com os preparativos da missa do galo, no dia 26 têm a casinha toda em desalinho, cheia de papéis de embrulho e fitas pelo chão, com montes de sobras na mesa, e dá-lhes imenso jeito ter a família por lá no dia seguinte a comer os restos e a ajudar a suprimir os vestígios da festança?

Não seria preferível comprar menos prendas, menos comida e conter os excessos do Natal (que o digam os números de afluência aos Hospitais no dia seguinte), do que alargar uma das épocas mais estupidamente consumistas do ano?

Desculpem lá, mas este governo é campeão da falta de coerência e dono da mais falha argumentação, já que a sua retórica é de pacotilha e se desmonta em dois tempos!


Veja a simulação no calendário interactivo da Visão.

4 comentários:

  1. I do agree with you! This will solve no problem, only make negative waves and frustrations among the people!

    Wishing you a wonderful weekend :-)

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  2. Mais uma falácia. Muitas das pessoas que fazem ponte, provavelmente a esmagadora maioria, para gozar esse diazinho suplementar de descanso é à custas dos seus dias de férias, que gozando agora não vão gozar mais tarde. Pelo menos cá em casa é assim. Se as pessoas têm o direito a um determinado número de férias por ano, que raio tem a ver com o PIB gozarem uma 6ª feira num dia qualquer do ano? E quantos milhões custou ao PIB a sui generis tolerância de ponto dada à função pública pela visita do Papa?

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  3. Ora bem, essa parte ninguém refere... pois!

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